Os emblemas dos clubes de futebol são muito mais do que simples logotipos. Eles contam a história, a identidade e os valores de cada equipa. Muitos elementos presentes nos escudos são uma herança da heráldica, a arte de criar brasões, e estão repletos de simbolismo.
Manuela Almeida Carvalho, especialista em desporto, analisou alguns dos emblemas de grandes equipas de futebol, para descobrir aqueles em cujas flores estão no cerne da identidade clubística.
O emblema é o orgulho de cada equipa, a sua herança e símbolo de pertença. Reflete a história do clube e une gerações de adeptos. É muito importante que a equipa se sinta parte desta herança histórica: são pormenores como estes que criam uma atmosfera na qual os jogadores recebem um forte apoio emocional.
E nos momentos em que o clube precisa particularmente de acreditar no sucesso, os adeptos expressam-no de diferentes formas — desde cânticos nas bancadas a previsões e apostas sobre o resultado dos jogos. Esta não é apenas uma aposta, mas uma forma de demonstrar lealdade e confiança na equipa, enfatizando a ligação entre o simbolismo do emblema e o verdadeiro poder do apoio, como o site do MightyTips.
De acordo com Francisco Pinheiro, historiador do desporto, «estamos a assistir a um fenómeno de clubes centenários que estão a atualizar os seus símbolos. A Juventus, por exemplo, fez uma mudança radical. E isso tem muito que ver com a narrativa da modernidade e do marketing».
Os emblemas dos clubes, considerados por muito imutáveis, guardiões da história de cada equipa, têm vindo a ser alterados em alguns clubes.
Os elementos comuns nos emblemas de futebol
A maioria dos clubes de futebol apresenta os seguintes elementos nos seus emblemas:
- Brasões de Cidades: É muito comum que os clubes incorporem elementos dos brasões das suas cidades de origem. O Manchester City e o Manchester United usam um navio, que representa a importância do canal marítimo da cidade. O Paris Saint-Germain tem a Torre Eiffel, ícone de Paris, e a flor-de-lis, que remete à cidade de Saint-Germain-en-Laye.
- Animais: Leões, águias e outros animais são frequentemente usados para simbolizar força, coragem e poder. O Sporting CP utiliza um leão, que veio do brasão da família de um dos fundadores.
- Coroas: Em muitos clubes, a coroa no emblema representa o título de “Real”, concedido pela monarquia espanhola. É o caso do Real Madrid e de outros clubes espanhóis, como o Real Valladolid.
- Datas e Iniciais: As iniciais do nome do clube e o ano de fundação são elementos básicos que ajudam a estabelecer a identidade e a história da agremiação.
«As referências históricas e símbolos locais dominam a “heráldica” clubística existente em Portugal. O leão é a figura heráldica. E é também aquele que está mais representado na principal divisão do futebol português.» explica Miguel Metelo de Seixas.
As flores nos emblemas
As flores nos emblemas dos clubes de futebol são mais do que apenas um enfeite bonito; elas carregam consigo a história e a identidade dos times. Geralmente, representam a cidade ou a nação do clube, e são símbolos de união e orgulho.
Apresentamos uma lista de clubes com flores nos seus emblemas:
Paris Saint-Germain (França)
O emblema do PSG tem uma flor-de-lis, que é um símbolo da realeza francesa. Essa flor está diretamente ligada à história da cidade de Saint-Germain-en-Laye, de onde o clube herdou o seu nome. É uma forma de honrar a rica herança monárquica da região.
Club Brugge (Bélgica)
Este clube belga tem uma história fascinante ligada ao brasão de armas da cidade de Bruges. Embora não seja exatamente uma flor, o brasão contém elementos que lembram a forma de uma flor, a “Brugse Beer” (Urso de Bruges), que é o símbolo heráldico da cidade.
Borussia Mönchengladbach (Alemanha)
O emblema do Mönchengladbach é muito simples, mas a sua forma circular e a coroa de louros que o envolvem, são uma homenagem aos símbolos da vitória e da honra. Na heráldica, a coroa de louros é tradicionalmente associada à vitória.
Chelsea FC (Inglaterra)
O emblema do Chelsea já teve uma rosa vermelha, que é um símbolo nacional da Inglaterra, remetendo à Guerra das Rosas. No entanto, o emblema mais recente do clube não possui mais esse elemento, mas a rosa ainda é um símbolo importante da história do clube.
América Mineiro (Brasil)
O escudo do América Mineiro ostenta uma folha de carvalho em sua versão mais tradicional. Essa folha, frequentemente associada à força, resiliência e tradição, é um dos símbolos mais marcantes e duradouros na história do clube.
Rangers FC (Escócia)
Embora o emblema principal do Rangers seja o escudo do clube, muitas variações históricas e símbolos associados apresentam uma rosa e um cardo. A rosa é um símbolo da Inglaterra, enquanto o cardo é a flor nacional da Escócia. Essa combinação reflete a união das nações e a história do Reino Unido.
Club Nacional de Football (Uruguai)
O emblema do Nacional, um dos maiores clubes do Uruguai, apresenta uma folha de louro e uma folha de carvalho entrelaçadas. Essas folhas simbolizam a glória e a força do clube. O louro, em particular, é um símbolo clássico da vitória na cultura greco-romana, usado para coroar heróis e campeões.
Toulouse FC (França)
O escudo do Toulouse exibe a cruz occitana, um símbolo da região da Occitânia, no sul da França. A cruz é decorada com 12 pontas, que podem ser interpretadas como uma flor estilizada. As pontas são, na verdade, dobras no brasão da família do Conde de Toulouse, mas a forma final é muito parecida com uma flor.
Genoa CFC (Itália)
O escudo do Genoa é ricamente decorado com uma rosa de Tudor, que é um símbolo heráldico da Inglaterra. A presença dessa rosa no emblema do clube italiano é uma homenagem às origens britânicas do time, que foi fundado em 1893 por ingleses que viviam em Gênova.
Hibernian FC (Escócia)
O escudo do Hibernian, clube de Edimburgo, mostra uma harpa celta e um trevo. A harpa representa a herança irlandesa dos fundadores do clube, enquanto o trevo (shamrock) é um símbolo nacional da Irlanda. Ambos os elementos reforçam a identidade celta do clube.
Conclusão
As flores e os elementos florais nos emblemas são uma forma de conectar os clubes às suas raízes geográficas e históricas, transformando simples logotipos em símbolos ricos de tradição.